9 de novembro de 2012

Pássaros Livres V

Algures no outro dia rasguei-me toda e com os rasgos foram-se as asas. As penas brancas que na cor transportavam Paz também se esvoaçaram. Aprendi que para ser pássaro também é preciso voar em queda-livre. Saltar de um prédio. Ter coragem para sermos algum ser para além de um pássaro. Rasguei-me toda e com os rasgos foram-se as memórias. As palhas que tinha incrustadas na minha pele de ninhos abandonados. De passados vividos pois viver do Passado é arrastar carcaças e arrastar carcaças nunca foram voos saudáveis. Apanhei a primeira brisa do ar desse salto e gritei que era livre mas no fundo ninguém o é totalmente ou é? Ninguém é livre de fazer simplesmente o correcto. Todos ao virar de uma curva temos um erro para cometer a nossa espera. Os pássaros cometem o erro de voarem mas andaram sempre nos mesmos cantos. E, nós, cometemos erros porque somos humanos. Desses rasgos faltou-me a respiração. A vida quer-me ensinar o que o importante não é dedicar-mo nos as essências que não nos deixam respirar mas sim as que nos deixam sem respiração. Neste momento, não te sei contar quais são. Enumera-las. Fazer-tas sentir. Outrora, se não fosse pássaro gostava de céu. Ar livre. Para que tudo quanto pudesse observar me fizesse lembrar a esperança. Aquela que deveria ser a última a morrer como uma pássaro que contempla o azul.

Mariana, não deixes nada por fazer no céu, por favor.

2 comentários:

Carina. disse...

que saudades de te ler! agora já te sigo de novo!

disse...

adoro ler-te, adoro mesmo! o tempo às vezes é pouco, e peço desculpa por vir tão poucas vezes, mas quando venho, é sempre magnifico ler-te!