26 de abril de 2013

Somos pessoas

Deixa-a chorar. Sem hesitar, sem tentar dizer piadas pois não tenho jeito para anedotas sarcásticas.  Perguntei-lhe a medo se queria uma abraço mas sabia que quando derramamos lágrimas temos tendência a ter repulsa do calor humano. «Chora, expulsa» não existiam palavras tão certas quanto estas. Poderia recolher mil dicionários e nada que esses dicionários continham poderiam fazer sentido. Podemos ser apaixonados por palavras. No entanto, não existe palavras que substituam atitudes. Ou, que tapem todos os buracos que escavamos para poder fugir. Porque nós fugimos muitas vezes sem intenção de voltar. Quando voltamos, temos necessariamente de voltar diferentes. É o tempo que nos foge pelas mãos. São as histórias que teríamos para contar se tudo fosse fácil de contar. Somos os culpados porque sabemos sobreviver. Daqueles pulmões expulsava suspiros fortes carregados de revolta e em simultâneo de harmonia. Limitava-me a ficar por lá. A transmitir-lhe que se quisesse as minhas riquezas que as dava sem porquês. Não fosse eu pobre que nem uma esmola tem para mandar cantar o pior cego. Era a riqueza interior! Tinha os meus sorrisos para lhe oferecer. Ofereci-lhe um em telepatia. Aceitou-o de bom grado e quando se despediu de mim sorriu. Fiquei a saber que fiz o melhor que poderia ter feito. Ouvir até porque nunca gostei de falar. 

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