22 de setembro de 2013

não uso relogios

As pessoas morrem mas o tempo avança... Qual é a importância? Morreu a dona esperança, foi naquela tarde de extrema coragem em que se atirou da ponte D. Luís de costas e aproveitou a tranquilidade de fechar os olhos e imaginar que tinha asas. O valor da infância desvanece-se e o tempo passa a ser paka, paka que nos leva a saborear a ganância mas a ganância é um fio associado ao tempo. Como se ao morrermos levássemos os aneis e os dedos. Mas, não... Ficam os anéis e vão-se os dedos. Ás vezes, o tempo é lento. Ás vezes, o tempo é veloz. O tempo leva os meus amores mesmo que peça mais um coche. Mesmo que te ignore, subtil tempo, dá-me mais um momento. Oriento-me. Está frio e se me ouves, esgotas-te porque o meu mau tempo não é chuva. É um tempo que faz arrepiar a minha cota. Putos com quem me cruzas na rua esperam que o tempo dê frutos. Mas, o suco desse fruto está dentro de nós e o tempo quer consumir esse suco. É um suco da juventude! O tempo que nos encontra sempre mesmo que a nossa fuja seja inocente. Marcas o meu compasso de vida e nem esperas por mim. Naquele minuto em que penso o que será por fim, está-me a passar vida nos bastidores e eu sem dar contas que a maior conta, o tempo, me faz pagar. Como abraços que me sufocam, o tempo é como braços que me abraça e me retira saúde que me faz falta. E, se no dia seguinte, acordo a respirar, então, estou bacana. «Abro a janela do berço onde nasci e deixo a dor do Mundo entrar. Ofereço-lhe um cigarro do alto meu andar. Lá em baixo a quem não tenha nada que vestir ou que comer... E, eu fodido da vida pela minha equipa perder?»«Enquanto o Diabo esfrega o olho e vai sorrindo bem contente... O Diabo pisca o olho acena-me como um açaime. Vai a cima, vem a abaixo como um nigga num andaime.» O tempo.