6 de setembro de 2012

bullshit

Quando te cruzas comigo pergunto-me se te recordas que deixaste 14 anos de amizade num canto. Uma pessoa que conhecia todos os teus defeitos e que fez deles virtudes. Se te recordas que para o lixo foram fotografias, descobertas, enigmas e histórias. Que quando tínhamos oito anos fazias de mim o bobo da corte e nunca me importará. Que aos doze anos comecei a dar-te valor e aos dezassete ia-te buscar na ruela da esquina porque tu estavas bêbado e sem saber para onde ir. Que quanto te peço um cigarro na realidade gostava de te queimar com a ponta para se te fazia atingir com realidades. Porque mais uma vez é tarde de mais. Deixei que o tempo leva-se a fúria das verdades que eram para ser ditas mas ficaram entaladas por entre momentos em que nos cruzávamos na rua. Não sinto saudades tuas. Porém, sei o que valho e o quanto me deves. Senti-me sozinha quando te perdi. Senti pela primeira vez na minha vida a necessidade e encontrar novas pessoas e não gostei. Porque estava bem a beber um fino e a fumar um cigarro contigo. Porque, infelizmente, esse sabor de compartilha era apenas meu. Quando olhei e refleti que chamei de melhor amigo durante 14 anos a uma pessoa que nunca soube sê-lo. Que, no entanto, nunca me rotulaste e fiz papel de irmã e melhor amiga. Esqueceste-te de mim e não te condeno por isso. As drogas das pessoas básicas com quem tu andas contornam-te o cérebro de uma maneira que nunca antes vi. Deixei de te querer ao meu lado. Deixei de te querer porque não quero que conheças mais os meus segredos. Nem me quero deparar mais com um ombro falso. Daqueles que encostas e cais por ser postiço. Espero-te muitos horizontes cheios de luzes quentes e vivas. Muitos caminhos seguros e poucas pedras nos sapatos. Sabendo que és uma pessoa que não sabe o que fazer da Vida... assim o espero. 
Porque sou uma pessoa que não se encaixa na sociedade quanto mais na tua. E, nunca te esqueças que mais do que um amigo eras um irmão e que se perder um amigo doí então perder um irmão doí o dobro. 14.

8 comentários:

Gabriela. disse...

texto forte!
força*

inês disse...

identifico-me tanto..

Anónimo disse...

Está lindo. Adorei.

Anónimo disse...

lindo

Alexandra M disse...

Sem problema, mas para a próxima prefiro que me digas (: forca nisso*

Pat disse...

achaste? gostei imenso deste!

Gabriela. disse...

ora essa :)

diogo craveiro disse...

Texto sentido, deu para perceber!
Que é que achaste?
Era um dos objectivos, para quem ler.