20 de novembro de 2012

Textos de uma ganzada III

Qualquer coisa palpável. Bilhetes guardados nas gavetas e outros espalhados pelo chão. De um canto charros pousados em cima da mesa da cozinha. Do outro a cama. Devia simplesmente de ir dormir. Digo sempre isto encarando que de manhã é um novo dia. Sabendo que nesse mesmo dia me estou a cagar para isto tudo. Que decorre e dá voltas. E, volta atrás e depois de volta ao começo. Sentir o fumo a fluir nos pulmões é mais que uma emoção. Deito-me no escuro ou então de velas acesas e encaixo-me no mundo dos sons das minhas músicas preferidas. Sou eu. E, estou viva. Por vezes, nem parece. Tenho as mãos geladas. Até sinto um certo vazio. Dou mais uma passa e o Passado assalta-me os sentidos. Os buracos das feridas que nunca foram saradas estão aqui e ainda sangram. Não sou capaz de me entregar a qualquer sentimento... Continuo demasiado racional para deixar fluir o que quer que seja. E, fumo encosta-se no espelho do meu armário como se tivesse fixado em mim. Nos meus olhos. Como se pudesse ler todas as mentiras e farsas que não consigo apagar. Largar dos ombros. No que me tornei eu? Num monstro? No pior de tudo... Uma pessoa vazia. Recordo-me que dali para frente descobri que os caminhos são feitos por mim. Que não me deixaria levar por mais nenhum atalho. O quanto tu me conseguiste mudar, cabrão? Nem sei. Perco-me entre frases e contra-frases. Escritas e falta de inspiração. No que é que tu me tornaste, filho da puta? Não te desejo o mesmo. Não te desejo um falso amor durante tempos cegos que foram como os meus. Dias e dias a passar, esgotados, desperdiçados. Perdidos. 

Cresci. Mas, o crescimento foi repentino como ossos que estalam entre as peles e nos doí. E, os meus ossos só estão fracos para aqueles que me conseguem ver de interiores. Para ti, tenho-te a dar a conhecer a maior filha da puta. Aquela que nunca conheces-te. Teme-me. Um dia, hei-de chegar.

2 comentários:

kowodzpin disse...

calma com essa revolta. perdoar, temos de saber perdoar. toda a gente comete erros. hoje ele, amanhã tu. a vida vira-nos o jogo quando menos contamos. eu também tinha tudo contado com a vida e quando menos esperei, escorreguei e cometi o maior erro até hoje. e não, de certo não sou nenhum cabrão, nem filho da puta, apenas humanos, e os humanos sempre falham. temos de saber ver o outro lado da história. menos revolta, abre o teu coração a ti mesma e depois ao mundo.

kowodzpin disse...

mas antes tens de te perdoar a ti, se não terás sempre essa história por arrumar. para ficares bem com o mundo tens de ficar bem contigo mesma.