7 de fevereiro de 2013

Amigas Imaginárias

Queria que me conhecesses como a palma da tua mão e que merecesses que apagasse o incêndio que é a tua vida. Que os interesses continuassem a ter fundamento e os que anos fossem eternos. Queria entender o silêncio que quando penso e te observo se solidificou nas nossas prosas. Queria curar as feridas, as minhas e as tuas, apenas com saliva e sair da despedida sem cinzas do incêndio que queimou toda a nossa cabana. Queria reencontros. Que esquecesses os Invernos frios, que tornasses os teus abraços mais apertados para sentir os meus ossos a quebrar pelas tuas mãos com juras pelas nossas sintonias. Queria que quisesses entender as minhas contra-frases, os meus versos. Que sentisses que neles transporte toda a saudade. Queria que pudesses esquecer os meus erros. Que nascemos como uma fénix em dias de chuva em que o fogo das suas asas não apaga nem com a maior tempestade. Queria que guardasses os segredos de infância e daquele baloiço perdido no parque. A alegria de quando lhe dávamos vida. Queria que viesses para ficares, sem stress, sem merdas. Que se tu tens as perdas eu também as sinto. Também perco. Queria escrever a coisa certa para que a gata mais bela perdesse a esperteza de andar no escuro. Para que a tua língua desenrola-se todas as citações que se ficaram na garganta e não foram expulsas pelo ar que tantas vezes sufoca. Queria essa ironia que é tua de deixar as essências para trás e fingir que nada deixas-te. Queria dominar-te da mesma forma que me dominas a mim. A mente, o corpo e as vistas. Queria conquistar a frieza, abrir a mesa, e deixar que observasses toda a subtileza que nos saísse da telepatia. E, queria fazer questão de ser perfeita para ganhar a real discussão e até hoje não existiu nada que me derrubasse essa ambição. Fiz o que posso para que este fosso não se abrisse e com não viesse toda água suja que nos afogaria sem desamor. Fiz o que posso para que este fosso não se abrisse e com ele viesse o desgosto de termos deixado os teus mais belos vestidos ao relento. A nossa cabana arde, alguém que fuga e és tu que vais carregar a estátua que implementamos nas nossas cabeças durante a fuga! Queria traduções, a tua boca no teu coração ou no meu para fazermos as ditas pazes e que tudo voltasse a cair do céu sem ser a água suja da chuva. A boca no teu coração para que todas as fases más para não deixarmos o mais importante para mais tarde como sempre fizemos. E, dá-me aquele tempo. Queria que voltasse atrás para voltarmos a ser adolescentes dependentes uma da outra, sem alianças... Para vivermos intensamente, criamos novas sementes de sorrisos e boas memórias. Para que o baloiço daquele parque voltasse a ganhar vida e para que a nossa cabana nunca tivesse incendiado. Queria já saber o que representa a nossa discordia e não o que agora representa o presente. Que agora fosse diferente, que a gente senti-se os gestos a condizer! Eram olhares de cumplicidade, meia a hora a ouvir-me e completavas as minhas frases. E, eras tu que sabias os motivos pelas quais chorava em noites de lua cheia e quem corrigia as minhas gafes porque deixava. Era amizade. Em meia hora desmanchavas os meus disfarces e pegava nas tuas tintas e pintava o céu das tuas cores preferidas. E, tal, como a Capicua diz que nem que a magoa seja enorme a minha amiga imaginária vai ter sempre o mesmo nome. 

3 comentários:

kowodzpin disse...

um amigo verdadeiro, é um irmão que tivemos oportunidade de escolher. sei tão bem o que é perder pessoas desse estatuto. :\ *

Ju disse...

De nada :)
Que texto. Tens de me dizer onde vais buscar tanta inspiração para escreveres sempre coisas lindas.

Sara O. disse...

Li tudo o que escreveste ate o dia de hoje no teu blog , e adorei !
Escreves lindamente e transmites as tuas emoções
Sigo !