9 de outubro de 2013

Define-me mas não me concluas

Por momentos tento convencer-me que nunca me irás dar a vida que sugeres dar-me debaixo dos lençóis. Tento convencer-me porque raras são as vezes que tenho de me convencer de alguma coisa. Habituei-me a que a minha vida fosse só minha. Todos os caminhos que faço é por eles que vou. Todas as conversas que outrora tivemos sobre direcções são postas no lume brando no momento a seguir... Não gosto de direcções mas gosto de ter um lado intelectual fascinante. Foi por ele que te elucidas-te. Também eu bebi um pouco de veneno. Desse veneno que é o teu calor no meu corpo e fiquei embriagada. Semanas a fio viciada na curva dos teus lábios, no sabor da tua pele e tão pouco te disse. Porque, para mim, nunca existe nada a dizer a partir dos momentos intensos que temos. Deixas que me vista e saia pela porta, que calce os paralelos da calçada sem que me peças para ficar. Foi esse pedido. Ou, melhor a falta desse pedido que me fez perder a noção de que gosto de te guardar porque o meu desejo por ti é insano e belo. Não me mata... Não me sufoca... Mas, vicia-me. Por outros momentos, tento convencer-me que nunca irei gostar de ti como desde a primeira noite que queimamos um bob. Olhava para ti e detestava esse sorriso de cabrão ordinário. Apetecia-me partir-te os dentes todos. Ainda hoje me apetece só para depois te poder perguntar - então, não me vais pedir para ficar? - Mas, ao invés de ter coragem para te partir os dentes, gostava e usufrui-a da garantia de te partir a sanidade mental e todos os sentimentos que a constituem. Ou, então todos os sentimentos que sentes por mim e constituem esse desejo de me despedires e de gostares de mim de uma forma tão tua que me deixa fodida... Fodida por saber contornar... Fodida, por existirem manhãs de delírios por falta de juízo em que recito para mim mesma o quanto... eu... gosto de ti. Fodida, por existirem noites, como as nossas. Tão perfeitas e frágeis. Capazes de desmontarem puzzles e capazes de fazer levitar essas mesmas peças do puzzle para que não tenhamos trabalho em monta-lo e ir ao que interessa logo no segundo a seguir. É que, as vezes, tenho uma vontade tão insana de te fazer passar a dor de me perderes sem que possas ter dito - fica... - Gastamos o tempo como quiseste... Agora, só não te queixes. Não tenciono ouvir-te. 

1 comentário:

Anónimo disse...

Que bonito!