9 de outubro de 2014

Amo-te

Um saco de erros e de ossos.

Queria-te ter o máximo que conseguisse. Desiludi-te. Fechei os olhos, imagina se os abrisse. Desculpa. Vejo-e nas estrelas juntamente com o fumo... Desiludida por te criar ilusões. Imagino-te. As desculpas não se pedem, evitam-se...
Desculpa.

Estou a evitar pedi-las mas ouvi-las de mim. É óbvio o consumismo da culpa... 

O que sinto não se questiona em relação ao nosso relacionamento. Isso não se questiona!

Não se relaciona. 

Desculpa. Eu sei que te disse que iria ser coerente e cordial. Que todos os abraços não fossem feitos com o propósito de me dares uma flor a mim. Dá-me asas! Que azar. Estas asas quebram-se, rasgam-se, as quedas não param... 

Provei o sabor da vida mas que sabor desagradável... E com o voar vou até as estrelas e regresso. Vejo o reflexo da minha água cada vez mais perto. Desejo as tuas mãos como apertos entre os meus dedos. A ilusão empurra-me....
Sussurra-me segredos...

Ajuda-me a dizê-los, não posso mais fugir.

O céu é o limite? Limito-me a cair. Nas alturas palavras que me deixaste agora escrevo no papel.

Senti sempre os arrepios da barriga como se fosse um carrocel. Já chega de despedidas... Sigo-te mesmo que não consigas. 

Tento mas espera! Tenho medo que as promessas no céu seja como na terra. Leva-me a ti, beija-me e esconde. Isto não é um pesadelo? Não? Então, atiro-me da ponte. Quantas segundos tenho?

Eu... quero... ficar...

Tenho vertigens. As escadas são infinitas pelas vezes que agora não me abraças. Subo degrau a degrau a recitar o que não te contei. O quanto me perguntas-te, sem nunca me perguntares. Todas as respostas que não te dei... Todas as decisões que colocaste ao confiar...

Enfim, o quanto te iludes por desconfiares de mim.

Avanço lentamente pelo corrimão com lágrimas de raiva pela minha decisão. Já estou do outro lado. Tenho os olhos inchados. A última vez que ouvi para mim estavas trancado, fodido, zangado... 

Caio para trás, sinto a adrenalina. Queria gritar o teu nome mas tenho fita adesiva. Sufoco enquanto respiro o teu perfume.  

O sorriso do costume nunca mais irá ser o sorriso do costume. 

Prometi levar-te onde quer que fosse mas hoje chego tarde... Grito o teu nome mas estou longe. Vejo as pessoas lá em cima debruçadas... Desesperadas...

Queria gritar que te amo. 

Desfaço-me na água. Os tímpanos estouraram porque já não me dizes nada. Desfaço na água, não sinto os olhos. Não vejo pele... Os músculos separam-se dos ossos.

Isto doí muito menos do que deixei para que te doesse. 

A queda...

Sinto os ossos a torcerem-se como plasticina e partem-se por dentro até que entro em hipotermia. As artérias rasgaram-se... A dor é grande. Provo a água sinto o sabor do meu sangue. 

Mãe... Eu quero morrer. Sem sequer ter que me ir embora. Oh mãe!!! 

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