21 de abril de 2014

Legos

O nosso habitat? É sempre o nosso. Da-mos-lhe um nome e praticamos actividades pecaminosas nele. Todos o temos. Alguns adquiriram maus hábitos neles, naqueles becos refundidos, outros, andaram por esses mesmos becos e chegaram a uma ponto de reflexão. Pararam, construíram uma cabana perto do por do sol e ficaram-se por mal. O nosso habitat é sempre nosso. Independentemente do que seja. Imaginário ou não. Mas, esta lá. A cabana perto do por do sol. 

Fora desse mesmo habitat é engraçado ver os olhares épicos do que gira à nossa volta. Nomeadamente, seres humanos. Tão ou mais normais quanto eu. Com a excepção de que não me limito a uma peça de roupa e a uma sociedade cega, imposta de leis. E, vou, na minhas viagens habituais cercada por esses olhares. Os das crianças com aquela ponta de ternura que se perde no primeiros anos de vida, se tudo correr mal. Hoje que sei isso olho para uma criança a tentar esquivar-me desse lado de ternura para tentar perceber o que eles querem perceber quando olham para mim. Ou, quando sabem de uma alguma história em comum com muitos seres humanos co-existentes na terra. Incrementados. 

Cresce aquele apetite de dizer a criança que, népia, não faz mal escrever népia porque népia é um termo calão que significa não. E, não faz usarmos o nosso corpo a nosso bel-prazer desde que nos respeitemos. Não é por ter um piercing, tatuagens e não por não gostar de ir para uma escola onde não aprendo um caralho que sou má miuda. Basta-me estar ciente dos meus valores para saber quem sou, o que sou. E, os meus valores foda-se estão mais cientes que todas as contas do banco da população portuguesa. Não é por ter uma folha da cannabis tatuada que sou má influência. Que sou capaz. E, que desfaço. Não é criança... Acredita. Isso são as vozes nefastas que vos preenchem de estereótipos. É que a tua irmã pode ser linda como o sol. Perfeita como só uma boa aluna pode ser mas ela vê MTV e a MTV torna-a numa puta.

E, depois, naquela tarde realmente as histórias da tua irmã confirmam-se. Por isso, sê o que precisas, maioritariamente para te sentires bem dentro do corpo. Para conseguires levantar o cu da cama e espreitares o sol. Para não seres mais um esquizofrénico incumbido numa sociedade liderada por Illumatis, bombas nucleares desconhecidas, conspirações e merdas assim.

No final, tudo o que tu vais levar para a campa é o teu interior. Os anéis que tanto te pediram para aperfeiçoares não te vão encher os bolsos porque no final os filhos da puta roubam o que tens de mais precioso em valor quantitativo. E, fazem-te uma campa de terra, colocam uma flor, selam-te e vão embora. No verdadeiro sentido, tão-se a cagar. 

3 comentários:

Joo disse...

Não é por usarmos piercings, nem por mais nada. As pessoas olham mais para o que tu "aparentas" do que realmente és.

Raquel Pires disse...

Li isto a sorrir, em voz alta, orgulhosa de ti. Tu és isto e senti-me feliz por me identificar contigo. Sim, é por estas e por outras que um dia devemos mesmo escrever juntas.

Joo disse...

Volta a escrever!!