22 de agosto de 2014

Tenho posto os pontos finais num lugar assente. Muito calmamente. Fico à espreita de qualquer coisa que me diga para avançar, faminta pelos meus sentidos... 

Percorro os cantos refundidos, no escuro. O sangue das minhas feridas já não o sinto. Faço um. O fumo dissipa-se e faz-me recordar as névoas que observo no céu azul manhoso. Já não me sinto cansada, não. Convicção de um órgão funcional. Rais me foda se não venço! Se não saiu porta fora por minha vontade! E, sai. Confesso que levo comigo uma merda chamada saudade. 

E, vi, naquele canto vidros estilhaçados das minhas janelas partidas. Deixei de gostar da casa. O ar da mesma intoxica-me e aloja-se nas minhas capacidades motoras. Com a mão faço-o ir dar uma volta como outrora tantas dei. E, acabei tonta da vida, fodida porque me partiram os vidros das minhas janelas. As pedras, tão bonitas e singelas, aquelas que atiraram, guardei-as. Algumas caíram bem em cima do meu crânio duro, solitário, impertinente... Valeu-me a filha da puta da lição. Que nunca mais (en)frente com mil sorrisos. Vão acabar por me querer partir os dentes. Sedar-me a carne. Tentar convencer que não sou algo. Nem alguém. Sou apenas. Nem sequer apenas algo comestível.

Mas, eu sei o que sou. Uma bomba. Uma ak-47 pronta a ser utilizada. A ponta da espada a cravar na carne. E, a guerra básica, a chegar ao fim. São tiros? São decisões! Cuidado que são decisões. Vou arranjar vidros duplos pras minhas janelas... Vou arranjar uma casa nova. 

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