1 de agosto de 2014

Foi feitiço, encantador de serpentes

Dizes que te serpenteio o corpo numa emboscada incrível de aventura. Que não te sufoco, não te engulo mas encaixo-me em ti sem te magoar. Com cuidado para não te quebrar os ossos que afinal também tenho ainda que o meu espírito seja o de uma serpente. Cantas-te-me boas sinfonias como flautista secreto, doce mas fechado. À espera de ser cativado. De ter uma serpente sua amiga. Que possa observar sem medo. Onde o olhar meio que rasgado não confunde, vicia um tanto. Onde existe travessura e doçura. Uma serpente não dominada, apenas, fiel. 

Mas, falando de nós como humanos. Nós menos mais menos dá mais. Uma equação que teve um resultado gigante mas não assustador. Diabólico. Uma equação como se fosse um euro-milhões. Sorteado de infinitos de sentimento. Somos cheios de faísca. Como se tivéssemos sempre num mundo completamente do além, submersos em água, com fichas eléctricas a serpentear-nos a pele, a fazer-nos sentir. Querer, ter posse, sentir. Agarrar, beijar. Ser um só. No verdadeiro sentido da palavra. No tesão dos momentos. E, do momento. Porque é impossível resistir a uma história tão... com... mas... foda-se... eu gosto... mas... e, acabamos, por, pois, ya, gostamos. E, nunca sabe a derrota. Porque menos e menos dá mais. É uma lei matemática. Está provado. Nós estamos provados. Sentidos. Um pelo outro. De todas as maneiras. Fisicamente, psicologicamente. No amor, no divertimento, no calor, na cama... 

Ás vezes, até me assusto com o que sinto. E, reflicto. Foi tudo no seu tempo. E, nestes tempos, encontrar ma história construída com o seu tempo é bonito. Vi-te a passear em minha direcção naquela noite. Não me recordo se era muito tarde. Sei que, provavelmente, algo me tinha corrido mal mas desta vez caguei. E, fui dar um giro. E, por acaso, nesse giro debatei-me contigo naquela recta. Uma recta. Seguir sempre em frente. Cativou-me aquele belo daquele cão. Até ao fim dos dias da vida dele. Parei para cumprimenta-lo. Belo. Enorme. Um preto vivo que assustava à noite. Mas, adorei. Apetecia-me leva-lo comigo. Perguntei o seu nome ainda a olhar para o cão sem perceber, literalmente, no belo do dono. Mas, olhei. Puta que pareu.

O moço era lindo. Sorriso perfeito. Olhos rasgados. Um rato china diferente. É cómico a maneira como a conversa surgiu. Na mesma noite em que nos conhecemos, fomos dar uma volta ao quarteirão, falamos de nós, do mundo, de tudo, de nada. Não nos tocamos. Estávamos na mais pura sensatez do ser humano e estava a saber tão bem que nem apetecia que acabasse. Acabamos a noite a trocar de números e voltamos as tantas para casa. E, partir daí, foi dificil roubar o primeiro beijo e o primeiro encontro mais furtivo. Foi no tempo que nos conhecemos. Que aprendemos a moldar-nos. A gostarmos do que supostamente dizíamos que se encontrássemos não iríamos gostar. Mas, gostamos. Muito. Imenso. É cheio e é intenso. É fogoso, não queima, vicia, vicia, vicia, vicia. E, então, o primeiro beijo aconteceu. E, o primeiro encontro furtivo também. 

E até hoje a recta, naquele momento, fez todo o sentido. E, seguimos sempre em frente. Mesmo a bater com os cornos na parede. Mesmo a dar cabeçadas. A partir a louça. A foder-mo-nos todos, nós seguimos sempre em frente. E, foi sempre juntos. Não existiu um enigma nesta vida em conjunto que não tivessemos consigo decifrar.

Uma serpente come sapos grandes, verdes e viscosos. Come-os todos. Com vontade. Mas, não magoa. Ela come tudo... Só para se alimentar. 

1 comentário:

Pedro Miguel SIlva Macedo. disse...

Adoro a intensidade de cada palavra deste teu texto!
segui!